
O que está acontecendo no Brasil?
1. Política – A Faculdade de Direito da USP divulgou manifesto em defesa da democracia na terça-feira (26). A carta deve ser lida na USP em 11 de agosto e conta com mais de 300 mil assinaturas de acadêmicos, empresários, banqueiros, entidades de classe e representantes da sociedade civil. (CNN)
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) manifestou, na convenção do PP, confiança no sistema eleitoral. Após o evento, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP) disse acreditar na confiabilidade das urnas, mas que cabe aperfeiçoamento. (Folha)
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, afirmou que a Justiça Eleitoral não vai aceitar “intimidações” e que a sociedade demonstrou, nas últimas semanas, que “não tolera o negacionismo eleitoral”. (Valor)
Na quarta-feira (27), o MDB oficializou candidatura de Simone Tebet como candidata à Presidência da República. O vice ainda não foi definido. (Valor)
O presidente do União Brasil, Luciano Bivar, desistiu de concorrer à Presidência da República. O anúncio foi feito neste domingo, 31, durante a convenção do partido. Bivar afirmou que tentará a reeleição à Câmara dos Deputados e que a senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS) será a candidata do partido ao Palácio do Planalto. (Estadão)
A Procuradoria Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para arquivar 7 das 10 apurações da CPI da Covid. Em cinco delas, o relatório final da CPI solicitava o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro (PL). (Folha)
Pesquisa Ipespe/XP mostra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderando as intenções de voto no primeiro turno com 44% (-1pp), Jair Bolsonaro (PL) com 35% (+1pp). O governo é desaprovado por 59% (-1pp) e aprovado por 36% (+1pp). O governo é considerado como “ruim/péssimo” por 49% (-1pp) e como “ótimo/bom” por 32% (+1pp). A pesquisa foi realizada por telefone com 2.000 eleitores de 20 a 22 de julho.
A pesquisa FSB/BTG traz Lula com 44% (+3pp) e Bolsonaro com 31% (-1pp). O governo é desaprovado por 58% (estável) e aprovado por 36% (estável). O governo é considerado como “ruim/péssimo” por 47% (estável) e como “ótimo/bom” por 31% (-1pp). A pesquisa foi realizada por telefone com 2.000 eleitores de 22 a 24 de julho.
Por fim, a terceira pesquisa selecionada é a Datafolha, que mostra Lula com 47% (-1 ponto percentual) das intenções de voto no primeiro turno, seguido por Bolsonaro com 29% (+2pp). O governo é considerado como “ruim/péssimo” por 45% (-2pp) e “ótimo/bom” por 28% (+2pp). A pesquisa presencial entrevistou 2.556 eleitores entre 27 e 28 de julho.

Seguem a seleção de pesquisas e a média de julho:


2. Economia – O desemprego no Brasil ficou em 9,3% no segundo trimestre, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada pelo (IBGE). Esta é a menor taxa para o período desde 2015, quando ficou em 8,4%. (IBGE)
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou saldo positivo de 278 mil novas vagas de emprego formal em junho de 2022. (O Globo)
A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 54 bilhões no segundo trimestre, novo lucro recorde da companhia. A empresa anunciou a distribuição de R$ 87,8 bilhões aos acionistas, dos quais a União deve receber até R$ 32 bilhões. (Poder360)
Com esses dividendos, o governo central pode zerar o déficit nas contas. Em junho, o saldo primário (sem contar gastos com juros) foi positivo em R$ 14,433 bilhões, de acordo com o Ministério da Economia. O mercado esperava um déficit de R$ 39,4 bilhões. (Valor)
A alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) desacelerou de 0,69% em junho para 0,13% em julho. A desaceleração refletiu a queda nos preços dos combustíveis e energia elétrica. Em 12 meses, o IPCA-15 passou de 12,04% em junho para 11,39% em julho. (Valor)
Já a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) desacelerou para 0,21% em julho, vindo de 0,59% em junho. O resultado foi melhor do que as estimativas do mercado, de 0,30%. (Valor)
O FMI (Fundo Monetário Internacional) estima crescimento de 1,7% da economia brasileira em 2022, ante previsão de 0,8% em abril. Para 2023, a projeção de crescimento do Brasil foi reduzida de 1,4% para 1,1%. O Bradesco também revisou a projeção para o PIB 2022 de 1,8% para 2,3%. (Valor)
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou relatório que mostra elevação na confiança do comércio de 1,5% em julho ante junho. (Valor)
3. Administração pública – O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, afirmou que respeita a Carta Democrática Interamericana. A declaração foi feita na abertura da 15ª Conferência de Ministros de Defesa das Américas, em Brasília, na terça-feira (26). (Folha)
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marcelo Augusto Xavier da Silva. O MPF acusa Xavier de criar relatórios ilegais para perseguir e acusar falsamente servidores do próprio órgão e associações indígenas. (Folha)
Uma análise:
1. A tendência política segue positiva. Na perspectiva institucional, os conflitos diminuíram temporariamente. Os apoios dos partidos aos dois candidatos majoritários seguem dentro do esperado, e não provocaram alterações na correlação de forças do Congresso Nacional. Houve leve crescimento nos índices de apoio popular, possivelmente como resultado das medidas econômicas de redução do preço dos combustíveis e da inflação de julho, queda das taxas de desemprego e a possibilidade de receber os auxílios sociais. Esse conjunto de fatores pode ter contribuído para o crescimento de Bolsonaro nas últimas pesquisas.
Embora a distância média entre Lula e Bolsonaro permaneça estável, a campanha de Bolsonaro tem feito esforços para diminuir a rejeição entre o eleitorado no geral e entre o público feminino. No Sudeste e no Nordeste, regiões onde Bolsonaro aparece atrás de Lula nas pesquisas, a situação vem mudando em alguns Estados. De março para julho, por exemplo, de acordo com a Quaest, Bolsonaro encurtou a distância na Bahia em 3 pontos percentuais, em Minas Gerais, 7pp e em São Paulo, 11p. Pode parecer pouco, mas se for uma tendência, Bolsonaro ainda pode crescer nas pesquisas. Apesar disso, Lula deve continuar mantendo a liderança no Nordeste, entre as mulheres e os jovens.

Para as próximas semanas, Bolsonaro pode sofrer mais desgastes com a questão das urnas eletrônicas. A articulação em favor do sistema eleitoral e de defesa da democracia por indivíduos e atores institucionais de grande influência nacional coloca enorme pressão sobre Bolsonaro para que ele cesse as críticas ao sistema. Apesar disso, também existe outra parcela da sociedade que concorda com os argumentos do Presidente, especialmente aqueles relacionados ao Supremo Tribunal Federal.
Por um lado, existem boas chances de que Bolsonaro siga resiliente e com possibilidades de crescimento, principalmente se evitar críticas ao sistema eleitoral e evitar ataques ao STF, com chances de ultrapassar a média de 35% em agosto. Por outro lado, embora muitas manchetes noticiem que Lula pode vencer no primeiro turno, seu desempenho nas pesquisas deve piorar quando a campanha começar. A variável menos observada, contudo, são os apoios de outros grandes partidos, como partes do MDB e União Brasil, que ensaiam aproximação com a candidatura do PT.
2. A economia permanece em trajetória positiva. Como esperado, a queda no preço dos combustíveis gerou reflexos positivos na inflação. O mercado de trabalho segue em crescimento, tanto os formais quanto os informais. A massa salarial real, por exemplo, expandiu 2,8% no trimestre encerrado em maio. Além disso, houve aumento no salário médio de junho de 0,68% em relação ao mês anterior.
As revisões altistas do PIB também corroboram que os próximos meses devem ser positivos para a economia.
3. A gestão pública segue em tendência neutra, sem alterações significativas.