
O que está acontecendo no Brasil?
1. Política – O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin assinou, na quarta-feira, 23, sua filiação ao PSB e abriu caminho para concorrer como vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência. (Estadão)
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, confirmou que se filiará ao Republicanos, na segunda-feira (28), para disuptar o governo de São Paulo. Com sua entrada no partido, e também o ingresso da ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves, o Republicanos deve apoiar formalmente Bolsonaro. (Valor)
O presidente Jair Bolsonaro (PL) lançou neste domingo sua pré-candidatura à reeleição. Indicado como vice na chapa, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, não compareceu. (O Globo)
Reportagens revelaram a possível existência de um gabinete paralelo no Ministério da Educação. Em uma gravação, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou que prioriza o atendimento de amigos dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). Pelo menos dez prefeitos relataram que os pastores, ambos sem vínculo oficial com a administração pública, prometiam liberar verbas para prefeituras mediante pagamentos em dinheiro e aquisição de Bíblias. Parlamentares do Centrão e da bancada evangélica pressionam pela saída do ministro. Ribeiro deve comparecer, na quinta-feira (31), na Comissão de Educação do Senado para prestar esclarecimentos sobre o assunto. (Folha)
Na quinta-feira (24), a ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de um inquérito contra o ministro da Educação, Milton Ribeiro, para investigar essas suspeitas. Ela atendeu a um pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, mas cobrou o procurador-geral sobre a necessidade de o presidente Jair Bolsonaro também ser investigado. (Valor)
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), está buscando apoio dos líderes para construir um acordo que permita a votação da reforma tributária na primeira semana de abril, quando será realizado um novo “esforço concentrado” – período em que os parlamentares buscam desobstruir a pauta de indicação de autoridades. A proposta de emenda à Constituição (PEC 110/2019) está em discussão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal. (Valor)
A Pesquisa Ipespe sobre avaliação do governo Bolsonaro mostra que 54% (+2pp) consideram o governo como ruim ou péssimo e 26% (-1pp) como ótimo ou bom. O índice de desaprovação foi de 65% contra 31% de aprovação.

De acordo com a pesquisa Ideia/Exame, 45% consideram o governo ruim ou péssimo (-5pp) e 28% como ótimo ou bom (+3pp), e o governo é desaprovado por 44% (-6pp) e aprovado por 32% (+3pp).


Esta semana foram divulgadas três pesquisas eleitorais. A pesquisa Datafolha foi realizada face-a-face com 2.556 entrevistados, entre os dias 22 e 23 de março, e mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 43% das intenções de voto. O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem 26%.

A pesquisa Ideia/Exame, realizada por telefone com 1.500 entrevistados entre os dias 18 e 23 de março, mostra Lula com 40% e Bolsonaro com 29%. Lula aparece com 2pp a menos, e Bolsonaro com 2pp a mais em relação à pesquisa Ideia/Exame de fevereiro.

Por fim, a Pesquisa Ipespe, realizada entre os dias 21 e 23 de março, por telefone com 1.500 entrevistados, traz Lula com 44%, 1pp a mais em à pesquisa anterior, e Bolsonaro com 26%, 2pp a menos.

Segue o compilado das pesquisas eleitorais:


2. Economia – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o pico da inflação em 12 meses ocorrerá em abril deste ano. (Estadão).
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação oficial, ficou em 0,95% em março, 0,04 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de fevereiro (0,99%). É a maior variação para um mês de março desde 2015 (1,24%). (Infomoney)
O dólar recuou pelo oitavo pregão seguido ante o real e atingiu o menor patamar em dois anos. A moeda norte-americana fechou, na sexta-feira (25), em torno de R$ 4,77, o menor valor desde março de 2020. Analistas do mercado atribuem a queda a pelo menos dois fatores: superávit comercial e taxa de juros básicos (Selic) elevada. (Valor)
O Ministério da Economia anunciou nesta segunda-feira (21) redução permanente de 10% nas tarifas de importação de bens de capital e de informática. Além disso, de forma conjuntural, a pasta reduziu a 0% até o fim do ano as alíquotas de importação sobre sete produtos: café, margarina, queijo, macarrão, açúcar e óleo de soja. Também foi zerado o imposto de importação do etanol, que é misturado na gasolina e também vendido separadamente. (Valor)
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ontem que o governo ampliará a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para 33%. Em evento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), em São Paulo, Guedes disse que a redução de impostos que vem sendo feita permitirá reindustrializar o país. (Valor)
O Banco Central decidiu manter sua projeção de alta de 1% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2022, segundo o Relatório de Inflação (RI) trimestral divulgado na quinta-feira (23). O BC também revisou projeções para contas externas do Brasil em 2022, com transações correntes passando de um déficit de US$ 21 bilhões para superávit de US$ 5 bilhões e a balança comercial saindo de um saldo positivo de US$ 52 bilhões para US$ 83 bilhões. (Valor)
3. Gestão pública – O Brasil se absteve, na quarta-feira (23), em votação para a Organização Internacional do Trabalho (OIT) punir a Rússia pela invasão da Ucrânia, em meio ao racha na cena internacional sobre as maneiras de aumentar o isolamento diplomático do regime de Vladimir Putin. (Valor)
As acusações e as investigações sobre a influência de pastores no Ministério da Educação devem ocupar a agenda da da cúpula da pasta nos próximos dias.
Uma análise:
1. A política continua com tendência positiva para a próxima semana. O nível de conflito institucional está baixo, a base de apoio parlamentar do presidente continua melhorando, os níveis de apoio popular permanecem estáveis e os resultados da pesquisa eleitoral não trouxeram surpresas.
A base de apoio parlamentar do governo segue crescendo, principalmente pela migração de parlamentares para o PL, PP e Republicanos. O ponto importante é que o PL parece que vai terminar como o maior partido da Câmara dos Deputados após o período de janela partidária. Bruno Carazza fez um material bem interessante no Twitter sobre as movimentações partidárias até agora. Não apenas isso, mas Bolsonaro parece também ter conseguido transferir quadros importantes para o Republicanos e, assim, manter satisfeitos os parlamentares da bancada evangélica. Com o alinhamento de parte do MDB e grande maioria do PP, fica nítido que o governo terá uma maioria sólida na Câmara no período de abril até fim do ano, ou, no mínimo, até as eleições, caso Bolsonaro não seja reeleito.
Um bom teste para a política será a audiência pública do ministro da Educação no Senado. Vale a pena acompanhar de perto e ver como os parlamentares vão atuar na defesa do ministro.
2. A economia segue com tendência positiva para a próxima semana. Os dados do IPCA-15 não vieram bons. Esperava-se um resultado menor. Apesar disso, o dólar continua em queda, o que pode contribuir para o controle da inflação. Outro fator que pode contribuir para o arrefecimento da inflação é a redução de impostos feita pelo governo. Em conjunto com as declarações do presidente do Banco Central, a ata do Copom também sinalizou que o aumento da taxa Selic, em 1 ponto percentual em maio, deve continuar para combater a inflação.
3. A gestão pública recuou para tendência negativa para a próxima semana. A exemplo do que já tinha ocorrido na semana passada no Ministério da Justiça, num caso em que o princípio da impessoalidade parecia ter sido abandonado, o episódio no Ministério da Educação é mais um exemplo da mesma prática. Ao dizer que atende prioritariamente aos amigos dos pastores e ao indicar que quer ajuda na construção de igrejas, a permanência do ministro Milton Ribeiro se mostra inconveniente. Pode ser que ele permaneça, como uma forma de não assumir o erro e de não deixar o assunto transbordar para os evangélicos ou para o presidente Bolsonaro.