
O que está acontecendo no Brasil?
1. Política – O Senado Federal aprovou a PEC da Transição na quarta-feira (7). Com votação em dois turnos, os senadores aprovaram, por 64 votos a favor, a proposta que eleva em R$ 168 bilhões o teto de gastos por dois anos. O texto foi enviado para apreciação na Câmara dos Deputados e deve ser votada até quarta-feira (14).
O presidente Jair Bolsonaro (PL) falou para apoiadores, na sexta-feira (9), em frente ao Palácio da Alvorada. Ele afirmou que “tudo dará certo no momento oportuno”. O pronunciamento marcou o fim do silêncio que Bolsonaro vinha adotando desde 2 de novembro.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, na sexta-feira (9), os nomes de cinco ministro de seu governo. Os escolhidos são Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), José Múcio Monteiro (Defesa), Flávio Dino (Justiça) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).

Fonte: O Estado de S. Paulo
O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) e o senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) anunciaram suas candidaturas à presidência do Senado Federal. Em comum, as candidaturas tentam derrotar Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que é apoiado pelo presidente eleito Lula (PT).
2. Economia – O Copom manteve a taxa de juros em 13,75% ao ano. O comunicado mencionou preocupação com a área fiscal.
Em novembro, a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,41%, a menor taxa para o mês desde 2018. O resultado surpreendeu positivamente o mercado. A taxa em 12 meses desacelerou para 5,90%.
A PepsiCo vai investir R$ 1,2 bilhão no Brasil em 2023, como parte do plano que prevê dobrar de tamanho em até cinco anos. É o maior investimento anual da multinacional em seus 70 anos de atividade no país.
A produção de veículos subiu 4,9% em novembro em comparação ao mesmo mês de 2021.
A estimativa da produção brasileira de grãos na safra 2022/23 prevê uma produção de 312,2 milhões de toneladas. O volume supera em 15% a colheita da safra 2021/22, que registrou 270,9 milhões de toneladas. Os dados são do terceiro levantamento da safra, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na quinta-feira (08/12).
3. Administração Pública – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, na segunda-feira (5).
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) lançou o sistema DOF+ Rastreabilidade na quarta-feira (7). A solução contribui para robustecer o combate ao desmatamento ilegal.
Uma análise:
1. A tendência política segue permeada por incertezas. A tensão institucional segue diminuindo, mesmo com os protestos nos quarteis e o recente pronunciamento enigmático de Bolsonaro. A transição de governo também avançou com o anúncio de ministros e a diplomação de Lula e Alckmin consolida uma etapa importante. Embora exista a percepção de que a base parlamentar de Lula já tenha sido consolidada, com a aprovação em tempo recorde da PEC da Transição no Senado e com o relacionamento amistoso do PT com Arthur Lira na Câmara dos Deputados, essa ideia ainda não é estável.
A construção da base parlamentar e que poderá oferecer boas condições de governabilidade ao Lula 3.0 é complexa e é composta por diversas fases. Cada uma dessas etapas possuem lógica própria, permeada por interesses e composições políticas que vão sendo sucessivamente acomodados. A primeira dessas evoluções é a composição dos ministérios, algo sobre o qual já falamos aqui diversas vezes, inclusive das estruturas menos visíveis, como o segundo escalão, empresas estatais e autarquias. A segunda será marcada pela disputa dos cargos que compõem a estrutura formal da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Quem ocupar esses cargos terá grande poder sobre a pauta do Legislativo. Um terceiro aspecto é a variação de poder que o Congresso conquistou em relação ao Executivo, cristalizado nas emendas de relator. Com um índice de reeleição de quase 60%, os deputados federais devem resistir a mudanças. Todas essas variáveis vão ser fundamentais para a construção da base parlamentar do governo.
2. A tendência econômica segue positiva. Embora já fosse amplamente esperada a manutenção da Selic em 13,75%, o Copom chamou atenção para o aumento dos riscos fiscais. Há rumores de que a PEC da Transição poderia ser limitada a apenas um ano, e não a dois como inicialmente previsto. Arthur Lira parece ter acertado o movimento com lideranças do PT. Isso poderia representar redução nas incertezas fiscais de longo prazo.
Também foi positiva a notícia do IPCA abaixo das expectativas em novembro. O mercado manteve-se indiferente à indicação de Haddad para o Ministério da Fazenda.
3. A Administração Pública continua com tendência negativa. A transição de governo promete trocar um número significativo de ocupantes de cargos de liderança na Administração Direta. A reorganização dos novos ministérios deve durar alguns meses em 2023.
O blog entra de férias pelas próximas semanas!!!!
