Perspectiva da Semana #127

O que está acontecendo no Brasil?

1. Política – O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) foi indiciado, na segunda-feira (24), sob suspeita de quatro tentativas de homicídio, depois de ter reagido a uma ordem de prisão e ter atacado policiais federais com tiros e granadas no domingo (23). Jefferson foi preso depois de resistir por oito horas a uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O motivo da ordem foi o descumprimento das regras de prisão domiciliar, falta que Jefferson teria cometido ao publicar vídeo em que chama a ministra do STF Cármen Lúcia de “prostituta”. (Folha)

No sábado (29), a deputada federal Carla Zambelli (PS-SP) se envolveu em uma confusão com apoiadores do PT, em São Paulo. Zambelli e seguranças, com arma em punho, perseguiram um homem. O caso será investigado. (Folha)

Na segunda-feira (24), o ministro das Comunicações, Fábio Faria, e o chefe de comunicação da campanha, alegaram que emissoras de rádio deixaram de veicular 154 mil inserções de rádio da campanha de Bolsonaro. A denúncia de fraude foi protocolada em ação ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, afirmou que a acusação é grave, mas que não há provas sérias na tese apresentada pela campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). Bolsonaro afirmou que vai recorrer. (Folha)

As pesquisas eleitorais da semana passada indicavam uma distância de 4.6 pontos percentuais, em média, entre Lula e Bolsonaro. As pesquisas mais recentes apontam para 3pp, uma queda de 1.6pp em relação à semana passada.

Fonte: elaboração própria, com base nas pesquisas originais. Totais em votos válidos.

2. Economia – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, conforme sinalizado na última reunião, em setembro. (Valor)

Após dois meses consecutivos de queda, o IPCA-15, um indicador prévio de inflação, subiu 0,16% em outubro. No acumulado de 12 meses, a alta é de 6,85%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). (Folha)

A taxa de desemprego voltou a cair no Brasil em setembro. Foi a sétima queda consecutiva. De acordo com o IBGE, o nível de desocupação no trimestre encerrado em setembro ficou em 8,7%. No trimestre encerrado em agosto foi de 8,9%. O rendimento real cresceu 3,7%. (Estadão)

O Ministério do Trabalho e da Previdência Social informou que o Brasil gerou saldo positivo de 278.085 empregos formais em setembro. De acordo com o Caged, O resultado ficou abaixo das 285.314 vagas abertas em agosto e dos 330.177 postos criados em setembro de 2021. O saldo acumulado de empregos formais criados alcançou 2.147.600 no ano. (Valor)

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) teve queda de 3,8 pontos na comparação com o mês anterior, de acordo com os dados da FGV, chegando a 95,7 pontos, no segundo recuo seguido e pior resultado desde março de 2022. (Folha)

O superávit da balança comercial brasileira atingiu US$ 3,10 bilhões em outubro, até a terceira semana, com aumento de 114,7% em relação a outubro do ano passado, pela média diária. No acumulado de janeiro até a terceira semana de outubro, o superávit alcançou US$ 50,82 bilhões, recuando 11% sobre o período de janeiro a outubro de 2021, pela média diária. (Brasil)

A arrecadação com impostos atingiu R$ 166,3 bilhões em setembro. O número é o melhor para o mês da série histórica, iniciada em 1995. (Poder360)

A dívida pública brasileira recuou pelo terceiro mês consecutivo. Em setembro, a dívida recuou 0,5% e atingiu R$ 5,75 trilhões. (g1)

3. Administração pública – O governo federal regulamentou a Lei nº 14.273/2021, conhecida como “Lei das Ferrovias”. O Decreto nº 11.245/2022 organiza o transporte ferroviário de forma a induzir novos investimentos privados. A expectativa é que a malha ferroviária seja expandida. (Brasil)


Uma análise:

1. Às vésperas da eleição de domingo (30), a tendência para a política está neutra. O resultado do pleito continua incerto. Bolsonaro vinha melhorando suas condições na disputa até domingo passado: conseguiu o apoio de celebridades e artistas e obteve duas horas livres para falar nos debates eleitorais. Tudo isso foi se traduzindo na redução da distância entre ele e Lula.

No domingo (23), contudo, a campanha foi atingida em cheio com o episódio envolvendo Roberto Jefferson. A campanha não soube gerenciar a crise, com declarações e ações desencontradas. Na segunda-feira (24), a mídia reverberou o episódio como sendo uma consequência dos ataques de Bolsonaro ao STF. Para piorar a situação, houve a questão das inserções de rádio e a notícia de que o Ministério da Economia elaborou estudos sobre o fim das deduções no Imposto de Renda da Pessoa Física e que não iria aumentar o salário-mínimo. No sábado, o episódio com Zambelli também não ajudou. Foi uma semana que não saiu como se esperava, com as pesquisas mostrando recuo na performance de Bolsonaro.

Se Bolsonaro vencer as eleições, o ambiente para a aprovação de políticas públicas permanecerá favorável até fim do ano. Com a nova legislatura, haverá breve período de acomodação com as negociações das lideranças formais no Congresso, mas a condição favorável tende a permanecer.

Se Lula vencer as eleições, o Congresso Nacional pode entrar em compasso de espera este ano, piorando a chance de aprovação de projetos críticos para o governo. Na prática, isso significa menos empenho e condições na aprovação de pautas do Executivo, embora seja possível a aprovação expressa de proposições específicas. A partir de 2023, com a predominância de parlamentares centro-direita, Lula terá de engendrar grandes negociações para assegurar a governabilidade. Isso ocorrerá por meio da abertura de espaço no governo, inclusive com a indicação de ministros oriundos da Câmara e do Senado ou de lideranças dos partidos. Após a consolidação dessa etapa, materializando a ampla coalizão partidária, as condições devem voltar a uma condição favorável para a aprovação de projetos importantes para o governo.

2. A economia segue com tendência positiva. Apesar da turbulência política e seus reflexos na Bolsa de Valores, os números da economia continuam evoluindo de forma satisfatória. Mesmo com o IPCA-15 um pouco acima do esperado, o acumulado em 12 meses continua desacelerando em relação a setembro, saindo de 8,0% para 6,9%. A política monetária continua em linha com as expectativas do mercado.

A taxa de desemprego deve continuar recuando até fim do ano, com aumento da massa salarial.

3. A administração pública segue em tendência neutra, sem alterações significativas.


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