
O que está acontecendo no Brasil?
1. Política – O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, declarou apoio à campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL). O vídeo foi enviado a Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa de Lula. O inusitado é que Barbosa foi o relator do Mensalão do PT no STF, quando pediu a condenação de vários integrantes do PT, inclusive do próprio Lula. (g1)
O ministro Alexandre de Moraes autorizou o pedido feito pela Polícia Federal para quebrar o sigilo bancário do ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid. A alegação é investigar transações em dinheiro feitas por Cid. O Palácio do Planalto negou qualquer irregularidade e afirma que os recursos saíram da conta corrente de Bolsonaro. (Folha)
A TV Globo realizou, na quinta-feira (29), o último debate antes do primeiro turno das eleições.
A pesquisa FSB/BTG mostra Lula (PT) liderando as intenções de voto no primeiro turno com 45% (+1pp), seguido por Bolsonaro (PL) com 35% (estável). A taxa de desaprovação é de 55% (estável) e a taxa de aprovação é de 39% (+1pp). A pesquisa foi realizada por telefone com 2.000 eleitores de 23 a 25 de setembro.
A pesquisa Ipec/Globo aponta que Lula (PT) tem 48% (+1pp) de intenções de voto no primeiro turno, e Bolsonaro (PL) tem 31% (estável). O governo é reprovado por 60% (+1pp) e aprovado por 36% (estável). A pesquisa foi realizada frente a frente com 3.008 eleitores entre 24 e 26 de setembro.
A pesquisa Quaest/Genial mostra Lula (PT) com 46% (+2pp) e Bolsonaro (PL) com 33% (-1pp). O índice de desaprovação ficou em 42% (+2pp) e o de aprovação em 31% (estável). A pesquisa ouviu presencialmente 2.000 eleitores de 24 a 27 de setembro.
De acordo com a pesquisa PoderData, Lula (PT) tem 48% (+2pp) e Bolsonaro 38% (-1pp). A taxa de desaprovação está em 55% (+2pp), e a de aprovação, em 39% (-2pp). A pesquisa entrevistou por telefone 4.500 eleitores, entre 25 e 27 de setembro.
A Pesquisa Ideia/Exame aponta Lula (PT) com 47% (+3pp) de intenções de voto no primeiro turno, e Bolsonaro (PL) tem 37% (+1pp). O governo é reprovado por 43% e aprovado por 37%. A pesquisa foi realizada, por telefone, com 1.500 eleitores entre 23 e 28 de setembro.
A pesquisa Atlas Intel mostra Lula (PT) com 49,8% (+0,5pp) e Bolsonaro (PL) com 40,7% (+0,8pp). O índice de desaprovação ficou em 54,8%, e o de aprovação em 41,2%. A pesquisa foi feita digitalmente 4.500 eleitores de 28 a 30 de setembro.
A Pesquisa Datafolha/Globo aponta Lula (PT) com 48% (estável) de intenções de voto no primeiro turno, e Bolsonaro (PL) tem 34% (estável). A pesquisa foi realizada presencialmente com 12.800 eleitores entre 23 e 28 de setembro.
Por fim, o Ipec mostra Lula (PT) com 47% (-1pp) e Bolsonaro (PL) com 34% (+3pp) . A pesquisa A pesquisa foi realizada presencialmente com 3.008 pessoas entre 29 de setembro e 1º de outubro.
Seguem o agregador das pesquisas mais recentes e as médias mensais:


2. Economia – De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo IPCA-15 recuou 0,37% em setembro, melhor do que o previsto por analistas. É a melhor taxa para o mês desde 1998. A gasolina foi o principal fator para o resultado. (Valor)
O Banco Central (BC) elevou a estimativa de crescimento do PIB de 1,7% para 2,7% em 2022. Para 2023, a previsão é de 1,0% de crescimento. O BC reduziu a estimativa para a inflação em 2022 de 8,8% para 5,8%. (g1)
Os investimentos diretos no país somaram US$ 7,72 bilhões em julho, o maior volume para o mês desde 2014, segundo o Banco Central (BC). Em 12 meses, empresas aportaram US$ 65,6 bilhões no Brasil, ou 3,73% do Produto Interno Bruto (PIB). (Valor)
A arrecadação das receitas federais atingiu R$ 172,3 bilhões em agosto, um aumento real de 8,2% em comparação ao mesmo mês em 2021. No acumulado de janeiro a agosto de 2022, a arrecadação alcançou R$ 1,46 trilhão, o que representa um acréscimo de 10,2% em relação ao mesmo período do ano passado. (Brasil)
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o Brasil gerou 278.639 empregos com carteira assinada em agosto deste ano. O acumulado do ano soma 1,85 milhões de vagas formais criadas. (g1)
Já para o IBGE, a taxa de desemprego voltou a cair em no trimestre encerrado em agosto, atingindo 8,9%. A população ocupada atingiu 99 milhões de pessoas, recorde da série iniciada em 2012, com 7,3 milhões a mais de pessoas ocupadas em 12 meses. A massa de rendimento real cresceu 4,7% em relação ao trimestre anterior e 7,7% na comparação anual. (Estadão)
O superávit primário do governo central neste ano deve ficar em torno de R$ 40 bilhões, afirmou o secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle. A projeção oficial do Ministério da Economia é de superávit de R$ 13,5 bilhões. (Valor)
3. Administração pública – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, na quinta-feira (29) proibir o transporte de armas e munições por colecionadores, atiradores desportivos e caçadores (CACs) na véspera, no dia das eleições e nas 24 horas do dia seguinte ao pleito. (g1)
O ministério da Infraestrutura publicou, na sexta-feira (30), portaria que cria o Programa Frota Ferroviária Verde. A finalidade principal é induzir a sustentabilidade na fabricação dos materiais rodantes e na operação ferroviária. (Poder360)
Uma análise:
1. A tendência para a política segue neutra. As eleições ocorrem hoje, domingo (2), quando mais de 156 milhões estão votando. O cenário é o mais polarizado na história recente do Brasil. Lula e Bolsonaro mostram estabilidade na intenção de voto. Mesmo com as indicações da liderança de Lula, as diferenças entre 10 e 14 pontos percentuais não permitem afirmar qual será o resultado do primeiro turno. Bolsonaro direcionou parte de seu esforço esta semana para retomar as críticas às urnas e ao ministro Alexandre de Moraes.
O debate da Globo parece não ter alterado a preferência de voto entre os eleitores dos dois principais candidatos. Ambos tiveram bom desempenho no debate. Bolsonaro não se descontrolou como boa parte da mídia esperava. Manteve o foco da sua da narrativa focado atacar o candidato do PT nos casos de corrupção, falou dos avanços na economia e alfinetou os candidatos aqui e ali. Lula não foi tão controlado quando analistas previam, mas chegou com bastante energia nos primeiros blocos do debate. Conseguiu diversificar a pauta, chamando atenção para a cultura e rebateu algumas acusações, porém foi atraído por algumas provocações.
Ciro Gomes atacou tanto Lula quanto Bolsonaro. Embora não tenha chances, apresentou propostas de governo de forma um pouco mais clara que os demais candidatos e discorre com desenvoltura sobre os números do País, tanto sociais quanto econômicos. Apesar disso, cometeu um erro estratégico ao tentar romper a polarização e posicionar-se fora do campo da esquerda. O eleitor e os partidos parecem ter ficado confusos com o posicionamento do candidato. Além de não conseguir uma aliança com outras siglas para a vice-presidência, Ciro passou a enfrentar desgastes dentro do próprio PDT. Sairá politicamente mais enfraquecido da sua quarta tentativa à Presidência da República.
No sentido contrário, Simone Tebet e Felipe d`Ávila sairão vitoriosos do pleito, mesmo sem chances de serem eleitos. Apresentaram boas propostas, de forma clara, e realizaram ataques moderados a Lula e Bolsonaro. Utilizaram o tempo para debater assuntos relevantes e tiveram boa conexão entre si. Soraya Tronicke, por sua vez, já teve um desempenho mais combativo, especialmente nos embates com o candidato padre Kelmon.
Se ainda persistem incertezas sobre o resultado entre Lula e Bolsonaro, a eleição para o Legislativo parece estar mais nítida. Há razoável consenso de que aproximadamente 50% da composição da Câmara será de partidos centro-direita, e a esquerda deve obter em torno de 30% das cadeiras. Os 20% restantes persistem mais ao centro e votam de acordo com os projetos. Com isso, é possível desenhar dois cenários básicos e mais prováveis. Primeiro, no caso de Lula vencer as eleições. Para formar o relacionamento com o Congresso, Lula terá de fazer grandes ajustes iniciais, mas sem avançar em propostas essencialmente de esquerda. Na prática, ele não conseguirá avançar na agenda Legislativa sem dialogar com os partidos centro-direita. A bancada desses partidos, hoje, representa em torno de 260 deputados e pode crescer ainda mais, o que gera imprevisibilidade nos arranjos políticos. No segundo cenário, com a vitória de Bolsonaro, as condições políticas de governabilidade seriam mais favoráveis, com estabilidade a avanço das reformas estruturais.
O ponto principal é que, seja quem for o vencedor das eleições para a Presidência da República, o setor privado, de forma ampla, não deve sofrer retrocessos significativos no primeiro semestre de 2023.
2. A economia segue com tendência positiva. Os números do desemprego em queda e o aumento da massa salarial são notícias que mostram a economia brasileira em franco crescimento. A combinação de inflação e queda e aumento da projeção do PIB completam o quadro da semana com notícias extremamente benéficas para a economia.
Boa parte desses avanços se deve ao aprimoramento do arcabouço normativo específico aprovado nesses últimos anos, como o Marco Legal do Saneamento, Marco das Ferrovias, Lei das Startups, Lei de Cabotagem. De forma mais ampla, a Lei do Ambiente de Negócios, a da Modernização dos Cartórios e mesmo a autonomia formal do Banco Central constituem contribuições importantes destravar investimentos do setor privado. Além disso, outro fator crítico para esses resultados positivos foi o avanço das concessões de aeroportos, portos, rodovias, ferrovias e outras áreas. A desestatização, nesse sentido, parece ter sido crucial para aumentar a participação do investimento privado e na geração de empregos.
3. A administração pública segue em tendência neutra, sem grandes alterações.