
O que está acontecendo no Brasil?
1. Política – O presidente Jair Bolsonaro (PL) viajou a Londres para o enterro da rainha Elizabeth II. Na residência oficial do embaixador brasileiro junto ao Reino Unido, Fred Arruda, Bolsonaro fez pronunciamento a simpatizantes. Ele compareceu ao velório acompanhado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, pelo pastor Silas Malafaia e pelo embaixador Fred Arruda.
O discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL) na abertura da Assembleia da ONU, na terça-feira (20) apresentou números e realizações do governo, tal como avanços em temas relacionados ao meio ambiente, à economia e à ajuda humanitária. Também defendeu o fim da guerra na Ucrânia, pediu a reforma do Conselho de Segurança, atacou a gestão petista e afirmou que acabou com a corrupção que existia no País. (g1)
Na segunda-feira (19), o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu-se com oito políticos que já foram candidatos à Presidência em outras eleições, entre eles o ex-ministro da Fazenda e ex-secretário da Fazenda do Estado de São Paulo Henrique Meirelles (União Brasil). Todos eles declararam apoio à campanha de Lula. Na quinta-feira (21), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) postou mensagem pedindo votos a “quem tem compromisso com o combate à pobreza e à desigualdade”. (Poder360)
Um empresário apresentou denúncias relacionadas à gestão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. O caso se relaciona ao episódio com a existência de um “gabinete paralelo” e que causou a queda de Ribeiro. (Estadão)
A pesquisa FSB/BTG mostra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderando as intenções de voto no primeiro turno com 44% (+3pp), seguido por Jair Bolsonaro (PL) com 35% (estável). A taxa de desaprovação é de 55% (-1pp) e a taxa de aprovação é de 38% (estável). A pesquisa foi realizada por telefone com 2.000 eleitores de 16 a 18 de setembro.

A pesquisa Ipec/Globo aponta que Lula (PT) tem 47% (+1pp) de intenções de voto no primeiro turno contra Bolsonaro (PL), que tem 31% (estável). O governo é reprovado por 59% (estável) e aprovado por 36% (+1pp). A pesquisa foi realizada frente a frente com 3.008 eleitores entre 17 e 18 de setembro.

A pesquisa Quaest/Genial mostra Lula (PT) com 44% (+2pp) e Bolsonaro (PL) com 34% (estável). O índice de desaprovação ficou em 39% (+1pp) e o de aprovação em 31% (-1pp). A pesquisa ouviu presencialmente 2.000 eleitores de 17 a 20 de setembro.

A Pesquisa AtlasIntel/Arko mostra Lula (PT) com 48% (+1pp) e Bolsonaro (PL) com 39% (+1pp). A taxa de desaprovação foi de 56%, e a de aprovação, 40%. O levantamento foi feito com 7.514 respondentes, por meio digital, entre 16 e 20 de setembro.

De acordo com a pesquisa PoderData, Lula (PT) tem 44% (+1pp) e Bolsonaro 37% (estável). A taxa de desaprovação está em 53% (-1pp), e a de aprovação, em 41% (+2pp). A pesquisa entrevistou por telefone 3.500 eleitores, entre 18 e 20 de setembro.
O Datafolha indica Lula (PT) com 47% (+2) e Bolsonaro com 33% (estável). O índice de reprovação do governo é de 44%, e o de aprovação, 32%. A pesquisa ouviu 6.754 pessoas, presencialmente, entre 20 e 22 de setembro.

Por fim, a pesquisa Ipespe mostra Lula com 47% (+3pp) e Bolsonaro com 35% (estável). A taxa de desaprovação é de 56%, e a de aprovação, 39%. A pesquisa foi realizada com 2.000 eleitores, por telefone, entre os dias 19 e 21 de setembro.

Seguem o compilado das pesquisas e as médias:


Considerando-se apenas a semana mais recente, a média das pesquisas mostra Lula com 45,8%, Bolsonaro com 34,8%, Ciro com 6,8%, e Simone Tebet com 4,6%. Desse modo, enquanto a média do mês mostra 10 pontos de diferença, a da semana apresenta 11 pp.
2. Economia – A Petrobras anunciou a terceira redução no preço do óleo diesel nas refinarias, de R$ 5,19 para R$ 4,89 por litro. A redução corresponde a 5,78%. A companhia também reduziu novamente o preço do gás liquefeito de petróleo (GLP). O valor por quilo passará de R$ 4,03 para R$ 3,78, um corte de 6%. (Valor)
A mediana das projeções do mercado para o crescimento da economia brasileira em 2022 voltou a subir de 2,39% para 2,65%. Os dados são Relatório Focus, do Banco Central (BC). (Valor)
O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros da economia inalterada pela primeira vez após 12 reuniões. A Selic ficou estacionada em 13,75% ao ano, como era esperado pelo mercado financeiro. (Estadão)
3. Administração pública – O governo anunciou, na quinta-feira (22), o bloqueio de R$ 2,63 bilhões no orçamento deste ano. O objetivo é adequar o orçamento ao teto de gastos. (g1)
Uma análise:
1. A tendência na política é neutra. A poucos dias das eleições, atores políticos sinalizam que pode haver uma mudança na correlação de forças políticas, criando imprevisibilidades adicionais ao cenário. Lula parece ter melhorado sua performance, e Bolsonaro segue sem sinais de crescimento.
Lula mostrou reação aos problemas que enfrentou no debate de 28 de agosto. De um lado, tem evitado declarações polêmicas e feito uma campanha de rádio e TV em que divide o tempo entre atacar a gestão de Bolsonaro e propor melhores condições de vida à população. De outro, além da ampla coalizão de nove partidos trouxe, Lula obteve significativos apoios extras, como o de Marina e de FHC. Isso é importante porque esses atores políticos são muito conhecidos e possuem expressivo apoio de eleitores e de segmentos sociais.
Já Bolsonaro, apesar do bom momento da economia, parece ter derrapado na última semana. Diferentemente do esperado por integrantes da campanha, a viagem de Bolsonaro ao exterior não gerou dividendos políticos que pudessem ser constatados pelas pesquisas. Se o discurso na ONU foi mais diplomático e protocolar, na Inglaterra, o caso foi o contrário. Veículos de comunicação do Reino Unido e do Brasil criticaram Bolsonaro por ter levado o pastor Silas Malafaia ao enterro, já que o Brasil é um país laico e Malafaia não exerce nenhum cargo oficial no governo. Também gerou ruído a afirmação de que se não for eleito no primeiro turno estaria acontecendo “algo de estranho” no TSE, retornando o desgaste em relação às urnas eletrônicas.
Além desses fatores, consideremos outras duas fontes para completar a análise: o comportamento dos políticos e as pesquisas eleitorais. Políticos têm uma capacidade extraordinária de perceber as mais leves variações de poder. Não apenas eles possuem pesquisas internas indicando as preferências e tendências eleitorais, como também informações de outros atores políticos. Observar os sinais desses políticos é um prelúdio dos resultados eleitorais: quem está em alta recebe apoio e prestígio; quem está em baixa vai sendo, aos poucos, colocado depois de outras prioridades. Nas últimas semanas, políticos importantes foram construindo um leve distanciamento de Bolsonaro. Especialmente aqueles que não dependem de Bolsonaro para sua eleição. O movimento oposto ocorre em relação a Lula: um esforço para apoiá-lo e se posicionar melhor em um eventual governo petista.
O segundo elemento é composto pelas pesquisas eleitorais. Esta semana Lula subiu, entre 1 e 3 pontos percentuais, em todas as principais pesquisas, enquanto Bolsonaro seguiu estável ou perdeu 1 ponto. Isso pode retratar decisões pelo voto útil de parcela do eleitorado. As pesquisas são muito criticadas por apoiadores de Bolsonaro, amparados nas manifestações populares de apoio ao Presidente e na narrativa de que as pesquisas são erradas ou manipuladas. O segundo ponto merece um breve comentário.
O Datafolha é considerado pelos analistas políticos como a mais confiável organização de pesquisa eleitoral no Brasil. Outras muito qualificadas também surgiram nesses últimos quatro anos, mas vamos observar a pesquisa completa que o Datafolha registrou na eleição de 2018:
De agosto em diante, Bolsonaro sempre esteve na dianteira para o primeiro turno. O Datafolha registrou 40% de votos válidos às vésperas da eleição, e Bolsonaro foi ao segundo turno com 46%. Uma diferença de 6 pontos percentuais entre a pesquisa e o resultado.
Haddad tinha 25% da estimativa de votos válidos, e foi eleito para o segundo turno com 29%. Portanto, 4 pontos percentuais de diferença.


Para o segundo turno, o Datafolha registrou, ao longo do mês de outubro, Bolsonaro sempre à frente de Haddad. Aqui está o link para a pesquisa completa.
Na véspera da eleição, Bolsonaro tinha 55% dos votos válidos e foi eleito com 55,13% dos votos. No mesmo período, Haddad tinha 45% dos votos válidos e foi eleito com 44,87%.


Ou seja, para o primeiro turno, mesmo considerando o erro de 6pp (Bolsonaro) e de 4pp (Haddad) – o maior erro já registrado pelo instituto –, o Datafolha sempre indicou os candidatos que iriam para o segundo turno. Só por isso, a Datafolha já teria alguma credibilidade em informar Lula na liderança para o primeiro turno. Mas não apenas a Datafolha indica essa situação, como também há uma grande convergência dos números com os demais bons institutos de pesquisa.
Será crucial observar os acontecimentos da próxima semana. Bolsonaro foi bem no debate de sábado (24), e Lula foi duramente criticado por sua ausência. As próximas pesquisas eleitorais podem registrar variações importantes. Por enquanto, pode-se afirmar que existe grande coerência entre os fatores analisados, e eles indicam que Lula está em melhores condições na disputa eleitoral.
2. A economia segue com tendência positiva. As projeções do mercado para a economia melhoraram. O governo continua reduzindo o preço de combustíveis, com impactos na inflação e no custo de vida. Na política monetária, a manutenção da Selic era a opção do mercado e de analistas do setor financeiro. O comunicado será conhecido no dia 27 de setembro.
3. A administração pública segue em tendência neutra, sem grandes alterações.