Perspectiva da Semana #113

O que está acontecendo no Brasil?

1. Política – O presidente Jair Bolsonaro (PL) realizou encontro com diplomatas estrangeiros no Palácio da Alvorada, na segunda-feira (18). O tema da reunião foi o sistema eleitoral brasileiro. Bolsonaro reafirmou suas teorias de que as urnas eletrônicas seriam problemáticas e citou o presidente do TSE, ministro Edson Fachin, e o ministro do STF, Alexandre de Moraes, que assumirá a presidência da Corte em agosto. Houve forte reação negativa por parte da imprensa, instituições públicas e políticos.

Diversos partidos realizaram suas convenções nacionais esta semana. O PDT referendou Ciro Gomes como candidato à Presidência, o PT confirmou Luiz Inácio Lula da Silva para concorrer ao Planalto, e o PL validou Jair Bolsonaro para a presidência e Braga Neto como companheiro de chapa.

Pesquisa PoderData, divulgada na quarta-feira (20), mostra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 43% (-1 ponto percentual) das intenções de voto no primeiro turno, seguido por Jair Bolsonaro (PL) com 37% (+1pp). A taxa de desaprovação do governo foi de 55% e a de aprovação, em 41%. A pesquisa foi realizada por telefone com 3.000 eleitores de 17 a 19 de julho.

Pesquisa Exame/Ideia mostra Lula (PT) liderando as intenções de voto no primeiro turno com 44% (-1pp), Bolsonaro (PL) com 33% (-3pp). O governo é desaprovado por 58% (-2pp) e aprovado por 36% (+1pp). O governo é considerado como “ruim/péssimo” por 48% (+4pp) e como “ótimo/bom” por 29% (-4pp). A taxa de desaprovação é de 46% (estável), e a de aprovação, 35% (-1pp). A pesquisa foi realizada por telefone com 1.500 eleitores de 15 e 20 de julho.

Segue o compilado da seleção de pesquisas:

2. Economia – A Petrobras anunciou redução de 4,9% no preço da gasolina, equivalente a R$ 0,20 por litro. A mudança reflete a redução na cotação internacional do barril de petróleo. O impacto na inflação pode ser de 0,15 ponto percentual entre julho e agosto. (Valor)

O aumento no valor do Auxílio Brasil, de R$ 400,00 para R$ 600,00 mensais, começará a ser pago em agosto e terá duração até o fim do ano. (Estadão)

O Tesouro Nacional projetou queda de dívida em dez anos, de 80,3% do PIB em 2021 para 69,9% em 2031. Em 2022, a dívida ficará em 78,3%. (Estadão)

O Mercosul fechou acordo de livre comércio entre o Mercosul e Cingapura. No ano passado, as exportações do bloco alcançaram US$ 5,9 bilhões e as importações somaram US$ 1,25 bilhão. (Valor)

A Bloomin’ Brands, dona da rede Outback e Abraccio, anunciou investimento de R$ 75 milhões no Brasil, com a abertura de 17 novos restaurantes este ano. (Estadão)

A arrecadação federal somou R$ 1,089 trilhão no primeiro semestre, um avanço de 11% acima da inflação. O resultado é o melhor para o semestre desde o começo da série histórica iniciada em 1995. O mês de junho também foi recorde para o mês, com R$ 181 bilhões, com um aumento de 18% além da inflação. (O Globo)

3. Administração pública – O governo deve promover ajustes orçamentários para cumprir com o teto de gastos. Estimativas iniciais apontam para redução em até R$ 5 bilhões no Orçamento. (Valor)

O presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei 14.421/2022 que amplia o alcance das Cédulas de Produto Rural (CPRs). Chamada de Lei do Agro 2, o texto melhora o acesso ao crédito para a produção rural. (Valor)


Uma análise:

1. A tendência política segue positiva, apesar dos problemas institucionais gerados pela reunião de Bolsonaro com os embaixadores estrangeiros. A métrica de conflitos institucionais, naturalmente, piorou, mas ela não anula os efeitos positivos dos outros fatores. A base parlamentar presidencial permanece sólida, os resultados eleitorais mostram estabilidade e os níveis de apoio popular mostram leve melhoria.

Há consenso entre analistas políticos de que Bolsonaro não ganhou absolutamente nada com a reunião. Reportagens afirmam que até seu núcleo de campanha tentou demover o Presidente da apresentação, e que representantes estrangeiros classificaram a apresentação como “amadora”.

Bolsonaro, contudo, aproveitou uma janela de oportunidade para não elevar a temperatura: a convenção partidária do PL, no domingo (24), foi marcada pela lembrança de importantes realizações do governo, com elogios a ministros, deputados e senadores, e críticas a Lula e às gestões do PT. Embora tenha feito breves críticas ao STF e feito menção às manifestações do próximo 7 de Setembro, Bolsonaro não atacou as urnas eletrônicas e não mencionou nominalmente Barroso, Fachi ou Alexandre de Moraes. Minha avaliação é de que foi uma chance bem explorada por Bolsonaro.

Ninguém sabe quem vai ganhar eleições. Um dos cenários, como já mencionei em outros posts, é que Bolsonaro cresça nas pesquisas, reduzindo a vantagem de Lula e assegurando uma disputa bem equilibrada no segundo turno. Duas razões: o candidato do PT deve sofrer desgastes com as lembranças dos casos de corrupção, e Bolsonaro deve continuar divulgando os feitos do governo, especialmente na economia. Em outra perspectiva, em que medida o Bolsonaro pode se dar ao luxo de voltar a radicalizar o discurso? Se isso ocorrer, seus ataques poderão jogar no colo de Lula os eleitores indecisos e os que votam em outros candidatos, como Ciro Gomes e Simone Tebet. Nesse caso, aumentam as chances de Lula fechar a disputa no primeiro turno. Ambos os cenários são plausíveis.

2. A economia permanece em trajetória positiva. A queda no preço dos combustíveis deve melhorar os resultados da inflação. Para a próxima semana, é importante observar os dados da criação de empregos (quinta-feira) e a taxa de desemprego (sexta-feira). A expectativa é de melhoria. O balanço de pagamentos e os dados fiscais também serão divulgados semana que vem.

3. A gestão pública segue em tendência neutra, sem previsão de alterações significativas.

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