
O que está acontecendo no Brasil?
1. Política – Senadores protocolaram, na terça-feira (28), requerimento com 31 assinaturas para a instalação de uma CPI para investigar o Ministério da Educação. (Folha)
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabeleceu que o teto de gastos na campanha presidencial será de R$ 88,3 milhões para o primeiro turno, e mais R$ 44,1 milhões para os candidatos em segundo turno. (Folha)
O Senado aprovou, na quinta-feira (30), a proposta de emenda à Constituição (PEC 1/2022) que institui o estado de emergência até o final do ano para ampliar a concessão de benefícios sociais em até R4 41,25 bilhões. A matéria segue para análise da Câmara. (Senado)
No começo da semana, o presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou o general Braga Netto para ser seu candidato a vice-presidente. Braga Netto foi exonerado para se dedicar à campanha. A chapa será oficializada em convenção no dia 23 de julho. (Poder360)
A pesquisa FSB/BTG, divulgada esta semana, entrevistou 2.000 eleitores, de 24 a 25 de junho, por telefone. A pesquisa mostra Lula com 43% (-1 ponto percentual) e Bolsonaro com 33% (+1pp) das intenções de voto no primeiro turno. O governo é considerado “ruim/péssimo” por 50% dos entrevistados, e é “ótimo/bom” para 29%.
Segue o compilado da seleção de pesquisas e a média mensal:


2. Economia – O Brasil criou 277.018 vagas formais de trabalho em maio. O resultado foi o segundo melhor para o mês em 12 anos, perdendo apenas para 2021, quando foram criadas 278.705 vagas. A taxa de desemprego, medida pelo IBGE, caiu para 9,8% no trimestre encerrado em maio. O resultado é 1,4 ponto percentual menor do que o trimestre anterior e é o menor patamar desde 2015. (Folha)
O Itaú revisou a projeção de IPCA para 2022 de 8,7% para 7,5%. Um dos motivos é a aprovação da lei que limitou o ICMS sobre combustíveis, energia e telecomunicações.
As contas públicas de maio registraram déficit de R$ 39,4 bilhões em maio. O resultado é 68,1% maior em relação ao mesmo mês de 2021. No acumulado do ano, as contas públicas registram superávit de R$ 41,83 bilhões, o melhor resultado desde 2013. (Valor)
O Banco Central divulgou projeção de superávit de US$ 4 bilhões nas Transações Correntes para 2022. Será o primeiro saldo positivo anual desde 2007. (Estadão)
Em maio, as exportações do agronegócio brasileiro somaram US$ 15,11 bilhões, alta de 14,2% em relação ao mesmo mês do ano passado. O valor foi recorde maio. (Brasil)
São Paulo, Goiás e Minas Gerais reduziram o ICMS sobre os combustíveis e outros serviços essenciais. Alguns Estados devem continuar aplicando a redução voluntariamente, mas outros vão aguardar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema.
O governo anunciou que não aumentará o valor do vale-refeição dos funcionários públicos em 2022. (Poder360)
As estatais controladas pela União tiveram lucro líquido de R$ 188 bilhões em 2021, recorde histórico e o triplo do montante verificado em 2020. (Valor)
O governo realizou leilão de 5,4 mil km de linhas de transmissão de energia. A previsão de investimento é de R$ 15,3 bilhões e gerar mais de 30 mil empregos diretos. (Brasil)
3. Administração pública – O governo lançou o Plano Safra 2022/2023. O valor disponibilizado de R$ 340,8 bilhões em crédito rural é 36% maior do que o do ano passado.
Caio Paes de Andrade tomou posse como novo presidente da Petrobras na terça-feira (28). Ele foi eleito por 7 votos favoráveis e 3 contra do conselho de administração. (Poder360)
O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, pediu demissão após denúncias de assédio sexual. Daniela Marques, que ocupava o cargo de Secretária Especial de Produtividade e Competitividade, foi indicada como nova presidente da instituição.
Uma análise:
1. O cenário político continua em tendência neutra. O Executivo permanece sentindo os efeitos dos dois episódios negativos da semana passada. Embora a CPI da Petrobras tenha sido abortada, o pedido de abertura da CPI do MEC foi efetivamente protocolada e deve ter um desfecho na semana que vem. Não bastassem essas dificuldades, o governo foi diretamente atingido com a questão envolvendo o ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Embora o dano tenha sido contido pelo governo rapidamente, com a saída de Guimarães e a nomeação de uma mulher para o comando da instituição, Bolsonaro pode ter errado na forma de condução. Ao constatar a gravidade e a quantidade das denúncias, o Presidente poderia ter diminuído resistências no eleitorado feminino ao declarar que o governo não tolera esse tipo de conduta e ter demitido Pedro Guimarães. Optou, contudo, pelo silêncio e pela exoneração “a pedido”. Os três episódios serão explorados pela oposição.
Essas dificuldades, contudo, não atrapalharam a aprovação da PEC 1/2022 pelo Senado. Ela, efetivamente, pode mitigar as dificuldades econômicas sofridas pela população mais pobre. Políticas públicas distributivas, como é o caso da PEC, são mais fáceis de serem aprovadas e suscitam baixo nível de conflito. Por isso e pelo momento eleitoral, a oposição não conseguiu reagir e bloquear seu avanço. O caso deve se repetir na Câmara esta semana e permitir a deputados e senadores colher frutos em seus redutos eleitorais. A grande questão, contudo, é: isso ajuda Bolsonaro em tempo de uma recuperação nas pesquisas? Analistas políticos não chegam a um consenso sobre isso. Parece plausível, contudo, que Bolsonaro possa se beneficiar dessas medidas, especialmente se considerarmos o conjunto de benefícios, incluindo a redução do ICMS sobre a gasolina e outros bens e serviços essenciais.
Por fim, o nível de conflito institucional continuou reduzido esta semana e os índices de apoio não tiveram alteração significativa. Merece nota que a média das pesquisas de junho tiveram aumento de 1pp tanto para Bolsonaro quanto para Lula, o que piora as perspectivas de uma arrancada da “terceira via”. Para a próxima semana, as atenções estarão voltadas para a decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, sobre a instalação da CPI do MEC.
2. A economia segue em trajetória positiva. O cenário econômico ainda traz incertezas fiscais e pressões inflacionárias, mas é inequívoco que o quadro econômico apresentado na semana foi amplamente positivo. Se, por um lado, os gastos do governo com o “pacote de bondades” aumentaram (deve custar aos cofres federais algo em torno de R$ 40 bilhões), por outro, a inflação de julho pode recuar com as renúncias de impostos. Além disso, o governo está direcionando os subsídios a quem mais precisa, e não diluindo os recursos na sociedade como um todo. Desse modo, faz sentido o plano do governo e é algo que muitos analistas vinham recomendando como saída. Naturalmente, o argumento de que são medidas eleitoreiras, contudo, não é descabido, mas isso não deve diminuir o valor do componente técnico das medidas, tanto que a PEC 1/2022 foi aprovada no Senado com apenas um voto contrário.
Outro aspecto positivo na semana veio com a taxa de desemprego em queda, evidenciando um mercado de trabalho aquecido, e permitindo a expansão da massa salarial real. Com isso, espera-se aumento da participação do consumo no PIB no segundo semestre. Os resultados da contra transações correntes, aumento das exportações de agro e o superávit das estatais também contribuíram para a formação de uma linha de base da economia mais positiva para o começo de julho.
3. A gestão pública segue em tendência neutra sem grandes alterações. Embora a troca no comando da Caixa e da Petrobras tenham sido resolvidas pelo Executivo, existe uma curva de aprendizado para os novos presidentes. Ainda deve demorar um pouco para que possam imprimir um resultado positivo nas organizações.