Perspectiva da Semana #103

O que está acontecendo no Brasil? 

1. Política – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, reuniu-se com secretários estaduais de Fazenda, na quinta-feira (12), e voltou a cobrar da Petrobras e dos representantes dos estados saídas para amenizar os aumentos dos preços dos combustíveis. (Senado)

Na sexta-feira (13), o presidente Jair Bolsonaro (PL), almoçou com empresários em São Paulo na residência do ex-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). (Poder360)

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, afirmou, na quinta-feira (12), que quem trata das eleições são “forças desarmadas” e que a Justiça Eleitoral não vai se dobrar a “quem quer que seja”. Mais tarde, Bolsonaro afirmou que queria esclarecer que “as Forças Armadas não estão se metendo nas eleições”. (Valor)

Esta semana, foram divulgadas três pesquisas eleitorais e de avaliação do governo. A pesquisa Quaest, realizada de 5 a 8 de maio de 2022, com 2.000 pessoas entrevistadas presencialmente, mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 46% (+1 ponto percentual) das intenções de voto no primeiro turno, e o presidente Jair Bolsonaro (PL) com 29% (estável). A pesquisa ainda mostra que 46% (-1pp) dos eleitores avaliam o governo negativamente e 25% dos eleitores positivamente (-1pp) e .

O PoderData divulgou que Lula lidera as intenções de voto com 42%, seguido por Bolsonaro com 35%. Em relação aos índices de apoio, o governo é desaprovado por 56% (+2pp) dos entrevistados e aprovado por 36% (-2pp). A pesquisa foi realizada entre 8 e 10 de maio de 2022, com 3.000 eleitores por telefone. (Poder360)

A terceira pesquisa é a do Ipespe, realizada de 9 a 11 de maio de 2022, com 1.000 entrevistas por telefone. Lula lidera com 44% (estável) as intenções de voto, enquanto Bolsonaro está com 32% (+1pp). Sobre a avaliação do governo, 51% (-1pp) dos entrevistados consideram o governo “ruim ou péssimo” e 32% como “ótimo ou bom”. Os índices de desaprovação do governo reduziram para 60% (-2pp) e os que aprovam segem estáveis com 35%.

Segue o compilado das pesquisas eleitorais:

2. Economia – A inflação oficial brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), marcou 1,06% em abril, a maior variação para o mês desde 1996. Já o resultado acumulado em 12 meses atingiu a marca de 12,13%, a maior taxa em 12 meses desde outubro de 2003 (13,98%). (Valor)

A Petrobras anunciou, na segunda-feira (9), um aumento do preço médio do diesel de 8,87% nas suas refinarias. O preço médio do combustível nas refinarias passa de R$ 4,51 para R$ 4,91 por litro. (Folha)

Uma combinação favorável de maior circulação das pessoas, mais renda disponível, e boa performance em transportes, impulsionou o volume de serviços prestados no país, que subiram 1,7% em março ante fevereiro. Foi a maior alta para o mês de toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 2011. Os dados foram divulgados, na quinta-feira (12), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (Valor)

O novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, entregou nesta quinta-feira (12) ao ministro da Economia, Paulo Guedes, um pedido para que sejam feitos estudos para a privatização da Petrobras e da PPSA, a estatal do pré-sal. (g1)

O volume de grãos colhidos na safra 2021/22 deve ser de 271,8 milhões de toneladas, um aumento de 6,4% em relação à safra anterior. O resultado mostra também um aumento de 2,5 milhões de toneladas em relação à estimativa anterior. (Brasil)

O governo federal cortou a alíquota de importação de 11 produtos para conter a alta da inflação. Na lista do corte tarifário, estão vergalhões de aço, insumos agrícolas e alimentos, como carne, trigo e bolacha. (Poder360)

3. Gestão pública O presidente Jair Bolsonaro (PL) nomeou Adolfo Sachsida como novo ministro de Minas e Energia, no lugar de Bento Albuquerque, que foi exonerado na quarta-feira (11). (Folha)

A AGU (Advocacia Geral da União) apresentou, na quarta-feira (11), uma defesa do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de sua ex-assessora parlamentar Walderice Santos da Conceição, conhecida como “Wal do Açaí”. Ambos são alvos de uma ação de improbidade administrativa movida pelo MPF (Ministério Público Federal). (Poder360)

O governo iniciou procedimento para receber contribuições online da sociedade para o Plano Nacional de Mineração 2050. O processo propõe a construção colaborativa do instrumento que estabelecerá as diretrizes da mineração brasileira e orientará a formulação de políticas públicas nos próximos 28 anos. O prazo para respostas se encerra no dia 31 de maio. (Brasil)


Uma análise:

1. A perspectiva política da semana segue positiva. Ainda não é possível afirmar que o nível de tensão entre o Executivo e o Legislativo voltou ao normal, mas houve uma acomodação do assunto por parte de Bolsonaro. A fala de Fachin foi firme. Não houve alterações no nível de apoio parlamentar ao governo. Sobre os índices de aprovação, a pesquisa do PoderData mostra um aumento de 4 pp entre os que aprovam e desaprovam o governo, mas as outras duas pesquisas mostram ou estabilidade ou 2pp de aproximação.

As pesquisas eleitorais trouxeram um elemento importante e merece uma análise. Diferentemente do que vinha ocorrendo, a média das pesquisas publicadas este mês até o momento trouxeram uma certa estagnação do crescimento que Bolsonaro vinha demonstrando nos meses anteriores. Bolsonaro oscilou entre 29% e 35%, e Lula entre 42% e 46%. Parte disso pode ter sido em função dos ataques às urnas eletrônicas, um sistema em que a maioria da população brasileira acredita, e parte em função de efeito inflacionário. Lula, por sua vez, depois das derrapadas nas declarações, moderou o discurso e está conduzindo um freio de arrumação na campanha. Aguardemos o fim do mês para completarmos as médias das pesquisas e fazer uma avaliação mais completa da tendência. Poderíamos dizer que a questão das urnas eletrônicas está para Bolsonaro assim como a questão do aborto está para Lula: temas em que eles insistem, mas que só lhes causam perdas eleitorais.

Outro assunto de destaque foi a questão relacionada à troca de ministros no comando do Ministério de Minas e Energia. Alguns analistas consideram que a troca foi essencialmente eleitoreira. Ora, toda mudança ministerial tem algum componente eleitoral, especialmente em ano de eleições, seja para melhorar o desempenho do governo em determinada pasta, seja para aumentar o apoio político – tanto parlamentar quanto popular. Também não me parece que a troca tenha o sentido de colocar a culpa em Bento Albuquerque, dando a impressão de que o Presidente troca quem não dá resultado. Se fosse esse o caso, o Presidente já deveria ter trocado Albuquerque há mais tempo, e poderia ter indicado um político para o cargo, para facilitar aprovações de medidas, por exemplo, de controle de preços. O fato é que o problema energético e dos combustíveis é complexo, mas o impacto é essencialmente econômico e a principal preocupação dos eleitores é com a economia, principalmente com a inflação. Desse modo, me parece positivo colocar Sachsida como ministro de Minas e Energia. Se ele vai ser capaz de melhorar o preço da gasolina, ainda não é possível saber.

2. Na parte econômica, continua a tendência positiva para a semana. Política monetária trazendo bons fundamentos, apesar da inflação ainda alta e do aumento do diesel. O mercado prevê que o IPCA de maio deve ficar em torno de 0,5%, convergindo com a análise de que o pico inflacionário foi em abril. Merece nota a questão da redução dos impostos de importação de diversos produtos que afetam a inflação. Ainda no aspecto de fatores positivos, a atividade econômica segue em alta com o setor de varejo e serviços e os números da safra 2021/2022 surpreenderam.

Na parte fiscal, a situação está previsível e confortável no curto prazo. Na segunda feira, o resultado primário consolidado do setor público de março será divulgado.

3. A tendência na gestão pública permanece neutra para a próxima semana sem grandes alterações. A nomeação do novo ministro para o MME pode ser positiva no sentido econômico da gestão, mas ainda é cedo para afirmar. O fato de que Sachsida é parte do núcleo duro do governo desde antes da eleição deve facilitar a transição. Outro aspecto potencialmente positivo é que o novo ministro é um bom transmissor de informações baseadas em números, em fatos. Muitas vezes, assisti a debates públicos duros em que ele participou e conseguiu colocar seus argumentos amparados em análises bem fundamentadas.


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