Perspectiva da Semana #89

O que está acontecendo no Brasil? 

1. Política – A Polícia Federal isentou o presidente Jair Bolsonaro do crime de prevaricação na compra da Covaxin. Já o procurador-geral da República, Augusto Aras, recomendou a manutenção da investigação contra Bolsonaro no caso do vazamento de dados sobre uma investigação que estava sob segredo de Justiça. Na semana anterior, Bolsonaro não prestou depoimento à PF sobre esse caso, como havia sido determinado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

Bolsonaro não compareceu à cerimônia de abertura dos trabalhos do Supremo Tribunal Federal na terça-feira (1). O presidente do STF, Luiz Fux, fez pronunciamento em que pediu respeito à democracia, mas em tom brando. Na abertura dos trabalhos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luís Roberto Barroso foi mais assertivo: acusou o presidente Jair Bolsonaro de apoiar milícias digitais e hackers e reforçou, indiretamente, a ideia de bloquear o Telegram no Brasil.

Já na quarta-feira (2), Bolsonaro compareceu à abertura do Ano Legislativo no Congresso Nacional. O presidente do Congresso Nacional e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, discursou, enfatizando as mais de 628 mil mortes decorrentes da Covid-19 e destacou a produção legislativa. O presidente da Câmara dos Deputados também discursou defendendo a aprovação de reformas essenciais. Por fim, Bolsonaro entregou a Mensagem Presidencial ao Congresso Nacional, e discursou sobre as ações de governo e destacou as prioridades no relacionamento com o Legislativo. (Agência Senado)

Pesquisa do PoderData mostra que a distância entre o Bolsonaro e Lula encurtou no segundo turno. Há 15 dias, Lula venceria Bolsonaro por 54% a 32%. Na pesquisa mais recente, Lula ainda venceria, mas por 54% a 37%. Para o primeiro turno, Lula caiu 1 pp e Bolsonaro subiu 2pp.

Os resultados convergem com os achados na pesquisa da Quaest, apresentada em janeiro de 2022:

Já a avaliação do presidente Jair Bolsonaro permanece estável, com 53% dos entrevistados considerando o governo como ruim e péssimo e 27% como ótimo/bom (+2pp em relação à pesquisa anterior).

2. Economia – O governo recebeu informação de que os 38 membros do Conselho da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) decidiram, por unanimidade, convidar o Brasil para dar início ao processo formal de ingresso na organização. O Brasil já aderiu a 103 dos 251 instrumentos normativos. (Brasil)

Conforme amplamente esperado pelo mercado, o Copom elevou a taxa Selic em 1,5 pp, para 10,75% a.a. A ata da reunião, em que o racional da decisão é explicado, será divulgado na terça-feira (8) e trará clareza sobre as próximas decisões. (Valor)

A produção industrial avançou 2,9% em dezembro, superando as expectativas do mercado (+1,6%). O resultado foi impulsionado pelo setor automobilístico (+12,2%).

O setor público consolidado do Brasil registrou em 2021 o primeiro superávit primário desde 2013, com um saldo positivo de R$ 64,7 bilhões, equivalente a 0,75% do Produto Interno Bruto (PIB), superando as expectativas do mercado. Os dados foram divulgados pelo Banco Central. De acordo com o BC, os governos regionais foram os principais responsáveis pelo superávit, com saldo positivo de R$ 97,7 bilhões em 2021. As empresas estatais também tiveram superávit, de R$ 2,9 bilhões, enquanto o Governo Central teve déficit de R$ 35,9 bilhões. (CNN)

A taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,6% no trimestre encerrado em novembro, o que representa redução em relação aos 13,1% registrados no trimestre anterior. Na comparação com mesmo trimestre de 2020 (14,4%), a queda foi ainda maior. A taxa registrada em novembro é a menor desde janeiro de 2020 (11,2%), mas a falta de trabalho ainda atinge 12,4 milhões de brasileiros. Os dados são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). (UOL)

Dados divulgados em janeiro, mostram que o Brasil recuperou uma posição e subiu para a sétima classificação entre os países que mais atraíram Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2021 globalmente, segundo estimativas da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). O fluxo de IED para a economia brasileira cresceu mais de 100% no ano passado, passando para US$ 58 bilhões ante U$$ 28 bilhões em 2020. (Valor)

As exportações no mês de janeiro cresceram 25,3% e atingiram US$ 19,67 bilhões, melhor resultado do mês na série histórica iniciada em 1997. As importações chegaram a US$ 19,85 bilhões, em alta de 24,6%, o maior desde janeiro de 2014 (US$ 20,2 bilhões). O saldo comercial registrou déficit de US$ 176 milhões. (Brasil)

3. Administração públicaAdolfo Sachsida foi nomeado como chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia na quarta-feira (2/2). Ele era secretário de Política Econômica da pasta.


Uma análise:

1. Com a retomada dos trabalhos legislativos, a tendência permanece positiva. Isso significa que não há significativa oposição sistemática aos projetos governamentais, mas também não já uma maioria que permita ao governo aprovar toda a sua pauta prioritária. Apesar disso, a projeção é de que o governo continue com sólido apoio parlamentar e não tenha conflitos institucionais com o Congresso Nacional, mas devem continuar com o Judiciário.

O apoio popular ao governo permanece estável, sem grandes alterações. As pesquisas eleitorais, que dão vantagem a Lula, incomodam o Planalto e os assessores mais próximos.

2. A primeira análise do ano também mostra a economia com perspectiva positiva. Novamente, não significa que a economia esteja excepcional, mas que, dados todos os problemas advindos da pandemia, as decisões do governo contribuem positivamente para o crescimento econômico.

Um dos principais pontos foi relacionado com a redução da dívida pública em relação ao PIB. O mercado esperava que 2021 terminasse muito mal, e não foi o que aconteceu. Também as perspectivas mais pessimistas apontavam para maior desvalorização cambial, descontrole fiscal e baixos investimentos. O que temos visto com os números é um cenário um pouco melhor do que o previsto pela maioria dos analistas: aumento do investimento produtivo, fluxo cambial positivo para investimentos e crescimento das exportações. Será tudo suficiente para a economia crescer? E a Covid-19, arrefeceu ou não? São perguntas difíceis. O que se pode afirmar é que a variante Ômicron não causou os problemas na magnitude que poderia ter causado, e isso pode ter um impacto positivo na recuperação econômica global, inclusive a brasileira.

3. A gestão pública está com tendência neutra. O governo começa o ano com um time relativamente coeso, sem grandes novidades.


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