
O que está acontecendo no Brasil?
1. Política – A CPI da Covid foi instalada na terça-feira (27). O plano de trabalho do relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), foi aprovado, com a convocação dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich para terça-feira (4), Eduardo Pazuello, na quarta-feira (5), o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, e o atual ministro da Pasta, Marcelo Queiroga, na quinta-feira (6).
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o relatório da reforma tributária deve ser apresentado na segunda-feira (3).
Houve manifestações em favor do governo em várias cidades. Pesquisa do PoderData mostra que 35% dos brasileiros aprova a atual gestão federal. Na pesquisa anterior, o índice foi de 34%.
2. Economia – O Tesouro divulgou que a dívida pública federal está abaixo da meta, com o menor custo médio desde 2005, a 7,64% aa. O saldo de empregos criados em março foi de 184 mil vagas.
O governo espera injetar R$ 40 bilhões na economia com o adiamento do recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), e mais R$ 56 bilhões, com a antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas.
Na quarta-feira (28), o dólar atingiu a menor cotação desde 26 de janeiro.
Esta semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, fez declarações polêmicas sobre o Covid-19 e o Fies. O ministro concedeu entrevista ao O Globo, e apresentou informações econômicas.
O leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) arrecadou R$ 22,6 bilhões na sexta-feira (30).
Na quarta-feira (5), o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual.
3. Administração pública – O Ministério da Economia fez mudanças na pasta. A principal mudança foi a saída do secretário Especial, Waldery Rodrigues, que passa a ser assessor especial. Bruno Funchal, secretário do Tesouro Nacional, irá para a posição de Rodrigues.
A Anvisa rejeitou o pedido de autorização de comercialização da vacina Sputnik V. A vacina foi já foi aprovada para uso em 60 países.
Uma análise:
1. O cenário político permanece em tendência negativa. O principal motivo é o começo da CPI da Covid. O governo tentou, sem sucesso, impedir a relatoria a cargo de Calheiros, e os aliados do governo na CPI são minoria e pouco experientes nesse tipo de trabalho. Bolsonaro procurou, com muito atraso, interlocutores de Calheiros para alguma aproximação. Ninguém sabe ao certo as motivações de Calheiros. Alguns dizem que ele quer destruir o governo; outros, que ele busca pontos de negociação; quase ninguém acredita que ele só quer conduzir o relatório. O que se sabe é que esta semana deve ser uma das mais difíceis para o governo, com a convocação dos ex-ministros.
A situação desfavorável com a CPI manteve Bolsonaro com baixo nível de conflito, longe de declarações polêmicas. Guedes parece ter assumido esse papel momentaneamente, com declarações que adicionam peso negativo ao cenário político. Bolsonaro tem feito reuniões com setores empresariais, melhorando o diálogo em busca de apoio político.
O apoio popular à administração permanece estável. O nível de aprovação revelado pelo PoderData está em acordo com outros institutos em relação à estabilidade, embora em um nível acima de outras pesquisas.
2. A economia continua em trajetória positiva. Os resultados apresentados foram positivos para economia, tanto no aspecto monetário quanto fiscal e na criação de novos empregos. A reunião do Copom não deve trazer surpresas em relação ao aumento da taxa Selic, e o câmbio parece melhorar.
O sucesso do leilão da Cedae comprova que o novo marco do saneamento básico funciona, podendo trazer benefícios reais, tanto para o Estado quanto para a população.
A injeção de recursos do FGTS e do 13º podem melhorar a atividade econômica nos próximos meses, ampliando o efeito do auxílio emergencial.
A apresentação da reforma tributária é notícia importante, porque melhora diversos aspectos da atividade econômica. A proposta é criar um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), ao acabar com três tributos federais, além do ICMS e do ISS. Não é para o curto prazo, mas merece nota.
3. A gestão pública continua com a tendência neutra. A liderança nos ministérios melhorou, especialmente na Saúde. Em relação ao Ministério da Economia, ainda não há como avaliar ainda as alterações nas posições de liderança. A pasta tem conseguido feitos relevantes na gestão de políticas públicas, mas o desgaste da equipe foi grande com a aprovação do Orçamento 2021. É possível que os novos integrantes consigam avançar. Guedes, por sua vez, deveria concentrar suas energias na gestão do ministério, evitando dar declarações sobre assuntos que agregam pouco ao seu trabalho. No Ministério da Saúde, o avanço da vacinação também parece dar sinais de que a troca de Pazuello por Queiroga foi benéfica para a gestão. No Ministério das Relações Exteriores, o novo ministro, Carlos França, parece estar surpreendendo positivamente, com uma gestão mais moderada do que a do seu antecessor. A gestão do Ministério do Meio Ambiente continua sem dar sinais de progresso.
1 As tendências são de curto prazo e resultam da análise entre informações ocorridas na semana e métricas estruturais.